quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Antonio Carlos, aluno da Pós-Graduação publica importante reflexão a respeito da responsabilidade do cidadão brasileiro


Fundamental é ser responsável

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Antonio Carlos Bernal Lescano – Pós-graduando em Direitos Humanos na UEMS

O nosso mundo é tão presente que fica difícil imaginar o futuro. São intempéries por conta dos abusos contra a natureza, efeito estufa, degradação, enchentes. É a comunicação em tempo recorde, internet, telefonia móvel. São as violências contra o semelhante, guerras, homicídios com requintes de crueldades, banalização da sexualidade. E para não dizer que somos pessimistas o Brasil é o quinto país no mundo em morte no trânsito. Em média são 35.100 mortes ao ano (dados da OMS no ano de 2007).

A corrupção assola nosso país com envolvimento de personalidades, de políticos, funcionários públicos e cidadãos comuns.

Os nossos jovens estão sem balizamento. Mal orientados acham comum e legal fazerem as coisas erradas ou ilegais. Sobra dinheiro para a cerveja e falta para o pão e o leite. O sexo é assunto sem importância, pode ser com ou sem camisinha, pode vir de brinde um hpv ou aids, tanto faz, ou quem sabe uma gravidez indesejada, porque se não der certo o aborto quem sabe o papai ou a mamãe cuida, ou a avó, se não der pra nenhum deles pode ser um que cesto ou uma frauda enrolada no bebê deixada em qualquer lugar possa resolver o contratempo.

Todos querem um lugar no paraíso, mas poucos entendem a verdadeira razão da existência da humanidade. Somos os únicos que conhecemos capaz de pensar, raciocinar, e agir com inteligência. Mesmo assim, o que vemos é desastroso. São tantas divergências que nos confundimos com outros seres na face da terra. O imoral se sobrepõe ao moral, o antiético ao ético, o mal ao bem, o ruim ao bom, o incerto ao certo.

A razão está se perdendo no tempo e no espaço. Em nosso país é comum legislar para resolvermos este ou aquele mal ou necessidade que nos aflige. São tantas leis e regras que cada vez mais se torna penosas cumpri-las. A justiça está morrendo, não há como repreender a todos. Haja presídios ou locais para internação para tantos errantes. Os absurdos acontecem diariamente e já não sabemos em quem acreditar. Pessoas seguem matando pessoas.

Alguns casos foram destaques nacional e internacional. Caso Maria da Penha, esposa é agredida, sofre abusos e violência domestica durante seis anos, em 1983 sofre atentado de homicídio por parte do marido. Posteriormente, não satisfeito procura eliminá-la numa tentativa de eletrocutá-la. Do caso surge a Lei Maria da Penha nº 11.340, de 07 de agosto de 2006, que cria mecanismos para coibir a violência contra a mulher.

Massacre na Casa de Detenção de São Paulo, massacre do “Carandiru”, que ocorreu em 02 de outubro de 1992. 111 detentos foram mortos pela Policia Militar do Estado de São Paulo durante rebelião.

Chacina da Candelária, seis garotos de rua e dois sem-tetos foram assassinados por Policiais Militares do Rio de Janeiro em 23 de julho de 1993.

Massacre de Vigário Geral, na noite de 28 de agosto de 1993 quatro Policiais Militares são executados por bandidos com armas pesadas. Na noite de 29 de agosto de 1993, cerca de vinte e um moradores da favela Vigário Geral foram executados por Policiais Militares à paisana e encapuzados como represália pela morte dos policiais militares.

Massacre de Eldorado dos Carajás, em conflito agrário sem terras do Pará em confronto com a PM provocou a maior matança do gênero, 19 sem terras morreram em 17 de abril de 1996.

Casos João Hélio, após marginais menores terem tomado de assalto o veiculo em que ocupava com sua mãe, o garoto preso a cinto de segurança foi arrastado por sete quilômetros no Rio de Janeiro. Após a tragédia muito se discutiu a respeito da maioridade penal e do recrudescimento da pena para menores.

Recentemente dois casos abalaram o Brasil, a morte da advogada Mércia Nakasshima e o desaparecimento de Eliza Samúdio. Os principais suspeitos são o ex-policial militar e advogado Mizael Bispo de Souza (ex-namorado) e o ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes de Souza. Em quase todos os casos acima citados houve premeditação com requintes de crueldades, sem que as vítimas tivessem oportunidade de reagir ou fugir.

A repercussão e o clamor público têm levado as autoridades, quase que automaticamente, a rever normas e editar novas leis. Cada vez mais percebemos que a postura não é adequada. Continuamos a testemunhar violência e mais violência, seja no seio familiar, no trânsito, nos bairros, nas grandes ou pequenas cidades.

A última dessas medidas foi a edição de uma lei que tem por meta diminuir a violência doméstica com relação à educação dos filhos. A iniciativa foi do Executivo Federal e depende de apreciação do Congresso Nacional. O castigo ou a correção excessiva deve ser punido com rigor. Sim, é possível que tenhamos sucesso com a nova lei.

O que eu vejo como emblemático, é a constituição de nosso país, no que se refere à cultura, regionalismo, distribuição de renda, diferenças diversas. Somos desiguais e os conflitos afloram cada vez mais. Somos mal educados, há desesperança, famílias desagregadas, miséria, drogas, desemprego, descrédito na política pública, dentre outros.

Como já disse procuramos regular nossas vidas por intermédio de edição de leis. A meu ver a muito estamos atacando as conseqüências e os efeitos e não pensamos em trabalhar nas causas. Precisamos rever os conceitos. É preciso refletir sobre o papel do Poder Publico, da sociedade civil organizada e do próprio cidadão. A nossa Constituição é a mais moderna e abrangente já editada no país. Ampara-nos em todos os direitos possíveis, porém, acredito que o nosso povo não está preparado para tão nobre Carta Mãe. É dicotômico dizer que temos muitos direitos sem saber ao certo quais são nossos deveres. Não estou me referindo às normas rígidas estabelecidas em nossa legislação. Estou falando da forma simples da pessoa humana, como, o respeito ao próximo de maneira espontânea e natural, dos valores culturais, como a devoção aos pais e às autoridades, aos bons costumes, á ética e a moral. Tudo isso traduzidos em uma só palavra “educação”.

Devemos exigir do poder público melhor empenho no trato com os problemas sociais que assolam o país. Não é segredo para ninguém que a base para o que é bom ou ruim é a família. Não estamos tão perdidos assim, é preciso que o foco seja o seio familiar. Precisamos atuar no resgate de valores morais e culturais da relação pais e filhos, da educação sexual com ênfase nas conseqüências do ato irresponsável, incentivar o casamento com responsabilidade, nortear a vida do jovem com parâmetros definidos, principalmente com relação à permissividade, acesso irrestrito à internet, sexualidade etc. Devemos buscar com clareza os direitos que nos assistem, porém, sem perder a consciência de nossos deveres e obrigações.

Mudar é preciso, vamos começar a nos importar com gestos simples, porém, eficaz. Por exemplo, você deve votar no próximo pleito eleitoral, dia 3 de outubro próximo, a Deputado Estadual, Federal, Governador, Senador e Presidente da República. Faça valer seu voto, votando consciente, sem estar obrigado a retribuir favores ou, em contraprestação de um benefício recebido às vésperas da eleição. Seu voto é importante, pois estaremos escolhendo quem realmente poderá fazer ou deixar de fazer algo para nossa sociedade. A oportunidade de exercermos nossa cidadania e contribuir para acabar com a corrupção e o mau uso do dinheiro público passa pelas nossas mãos.

“Saber todo mundo sabe; querer todo mundo quer; mais fácil falar do que fazer”, refrão da musica Radical dos Engenheiros do Havaí. Está passando da hora de deixarmos de apenas falar, criticar, resmungar para realmente fazer. Pense na sua responsabilidade social quanto filho, irmão, pai, amigo, vizinho, professor, empresário, funcionário público, autoridade, político e cidadão. Vamos fazer por amor que é melhor do que apenas falar.