Leandra Salustiana da Silva Oliveira
O Dalai Lama ao ser questionado sobre o que mais o surpreendia na humanidade, o sábio disse: “Os homens. Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido”.
Dominado pelo capitalismo selvagem o homem simplesmente se esquece de viver dedicando demasiadamente ao trabalho na ânsia de satisfazer o seu ego, seja para alcançar uma satisfação pessoal ou social, pois a sociedade exige do indivíduo certas condições para que o mesmo possa ser aceito dentre do grupo. Assim, existem aqueles que se dedicam incansavelmente ao trabalho para ter uma moradia digna, para garantir um melhor conforto e uma boa formação para o seu filho e o que é mais comum de se ver é aquele chefe de família que trabalha ganhando tão pouco que mal dá para comprar o pão e o leite para o seu filho, isso quando acha trabalho. É lógico que existem aqueles que se dão ao luxo de ganharem dinheiro sem o mínimo de esforço e dedicação, mas isso já é outra história.
Por outro lado, temos o grupo daqueles que trabalham 365 dias por ano para ostentar uma roupa de marca, não importa que uma calça jeans custe R$ 2.500,00, ou até mais, o que importa é que ele está socialmente garantido no meio social. Ele quer ter a melhor roupa, o celular mais sofisticado do mercado e um carro do ano. É a ideologia pregada pela sociedade consumerista de que “a pessoa vale o que tem”. E para garantir todo esse “padrão”, salvo exceção daqueles que nascem em berço de ouro, como diz o dito popular, a solução é enfrentar incansavelmente o trabalho seja ele justo ou injusto, pois por opção ou falta de opção há os que vão buscar recursos no tráfico de drogas, na prostituição, enfim tudo aquilo que de alguma forma venha a lhe proporcionar certo lucro para buscar essa tal satisfação pessoal e social.
Neste contexto verifica-se que o ser humano é covarde, inconsequente, prostituto de si mesmo, vende o seu trabalho, sua inteligência, sua alma e sabedoria simplesmente para “viver”, ou como costumam dizer “manter o padrão”, não importa a que custo. Na verdade esse custo ele paga com sua própria saúde, sua integridade física e muitos outros valores inestimáveis e que só pára pra pensar e avaliar o prejuízo no momento em que se despe de todos ou qualquer um desses valores já mencionados. Aí então vem a questão, se ele juntou o dinheiro tê-lo-á para gastar na recuperação de sua saúde, se não juntou fica ao acaso e ao descaso dependendo de um bom samaritano que venha a lhe ajudar ou então resta-lhe bater às portas do Estado e suplicar-lhe para que este venha a lhe atender, o mais provável é que ele venha a não lhe atender.
Toda essa questão que implica na pressão social que o ser humano sofre para obter uma posição social privilegiada e portanto atingir um status social acaba por quebrar os paradigmas da maioria da população que se esforça e se dedica ao trabalho pensando unicamente no futuro. O indivíduo, principalmente os mais jovens, acaba por viver demasiadamente o presente sem pensar no futuro. O fato é que se viveu ou trabalhou não importa, o certo é que o futuro é incerto e a Deus pertence.